Prefeitura de Itajuípe

Diretor de escola em Itabuna é afastado após denúncias de assédio, importunação sexual e racismo

A direção do Núcleo Territorial de Educação do Litoral Sul, Ouvidoria e Corregedoria estão na escola dialogando com a comunidade escolar.

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O diretor do Complexo Integrado de Educação Básica, Profissional e Tecnológico (CIEBTEC) de Itabuna, Denelísio Nobre, foi afastado do cargo após estudantes denunciarem casos de importunação sexual, assédio moral e racismo.

A decisão foi tomada pela Secretaria de Educação da Bahia (SEC) após as denúncias surgirem durante uma palestra sobre violência doméstica, assédio sexual e moral no ambiente escolar e profissional.

Os relatos foram formalizados na Delegacia Territorial (DT) de Itabuna, e a investigação segue sob sigilo judicial. Em nota, a Secretaria de Educação informou que o afastamento do servidor ocorreu por questões de saúde. O órgão também afirmou que representantes do Núcleo Territorial de Educação do Litoral Sul (NTE 05), da Ouvidoria e da Corregedoria estão acompanhando a situação e dialogando com a comunidade escolar.

O jornalista Oziel Aragão falou com exclusividade com as vítimas, que expuseram o comportamento do diretor. 

Proposta em viagem e insistência por beijo

Uma das estudantes contou que, durante uma viagem da banda da escola, precisou ir no carro do diretor por falta de vaga no ônibus, onde o diretor fez perguntas inapropriadas e tentou oferecer dinheiro em troca de favores sexuais. 

“Durante a viagem, ele perguntou qual a faixa etária de homens com quem eu me relacionava, se eu gostava de homens mais velhos ou se tinha preconceito com isso. Chegou até a perguntar se eu teria interesse nele”, relatou a aluna. No retorno da viagem, em uma parada para almoço, o diretor teria tentado uma abordagem ainda mais direta. “Ele pediu para meu professor falar comigo, oferecendo dinheiro para me beijar. Depois, começou a mandar mensagens perguntando se eu tinha pensado na proposta, se eu tinha respondido. Ele já fez isso com outras meninas da escola, já mandou mensagens e até ofereceu dinheiro para ter relações sexuais com elas. Ele sabia da minha situação financeira e psicológica e tentou se aproveitar disso. Também chegou a sugerir que eu e mais duas pessoas fôssemos para a casa dele, porque tinha piscina e seria mais confortável”, completou a estudante.

Racismo 

Além das acusações de assédio, alunos também denunciaram falas racistas do diretor. Segundo um estudante, as dificuldades com a alimentação na escola sempre foram motivo de reclamação por parte dos alunos. No entanto, ao tentarem apresentar uma solução, foram recebidos com deboche. 

“Nos reunimos para recolher opiniões de vários alunos e buscamos ajuda de professores para avaliar nossas sugestões. Eu e minha prima, que também é negra, fomos apresentar a proposta a ele. Quando terminamos, ele olhou no fundo dos nossos olhos e disse: ‘Não, isso não vai funcionar. É mais fácil imprimir fotos de um monte de neguinho da África que passa fome igual a vocês’”.

 Os estudantes afirmam que, após esse episódio, perderam a esperança de diálogo e resolução dos problemas internos da escola.

Reunião com ‘linguajar juvenil’ 

Outra aluna denunciou o comportamento do diretor durante uma reunião, onde ele teria feito comentários inadequados sobre estudantes, incluindo insinuações de cunho sexual, justificando que “iria falar a linguagem dos jovens”. Onde segundo a aluna ele teria dito” tem que dar mesmo”, fazendo referência explícita às genitálias masculinas e femininas. Além de descrever um episódio em que flagrou seu filho em um ato sexual. 

“Ele falava sobre como as meninas da escola eram bonitas e chegou a chamar uma delas de ‘gatinha’. Em determinado momento, tocou no ombro dela. Como ela fez uma expressão de desagrado, ele ironizou e disse que não ia mais mexer com ela porque ‘ela fez uma carinha de bravinha’”.

O professor e ex-diretor Denelísio Nobre chegou a procurar a OZITV para conceder uma entrevista e se defender das acusações. No entanto, seguindo a orientação de seu advogado, Cosme Reis, ele decidiu não se pronunciar até ser intimado oficialmente pela delegada responsável pelo caso.

Em nota à imprensa, Nobre negou todas as acusações e afirmou desconhecer o teor das denúncias. Ele também destacou seus mais de 30 anos de atuação na educação em Itabuna, sem histórico de reclamações contra sua conduta.

veja na integram o depoimento dos alunos:

1 comentário
  1. […] As denúncias contra o diretor começaram após uma palestra realizada em agosto de 2024 no teatro da instituição. Na ocasião, diversos estudantes procuraram a advogada Úrsula Matos para relatar comportamentos inadequados, incluindo assédio sexual, discriminação racial e homofobia. Veja o caso completo aqui. […]

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