A concessão das ferrovias de Integração Centro-Oeste (FICO) e de Integração Oeste-Leste (FIOL) foi tema de audiência pública promovida pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) nesta quarta-feira (12), em Salvador. O encontro evidenciou preocupações sobre a viabilidade do projeto, especialmente no trecho que liga a Bahia ao Centro-Oeste, e reforçou dúvidas quanto à implantação do Porto Sul, em Ilhéus, peça-chave para o funcionamento da ferrovia.
O corredor ferroviário, que pode chegar a 2.700 quilômetros de extensão, tem como um de seus principais objetivos o escoamento da produção agrícola do interior do país até o litoral baiano. No entanto, a indefinição sobre o Porto Sul gerou críticas de especialistas e representantes do setor. Para Luiz Antonio Pagot, ex-diretor-geral do DNIT, sem a garantia da construção do porto, o projeto ferroviário se tornaria inviável.
A dificuldade da mineradora Bamin, responsável pelo primeiro trecho da FIOL e pelo Porto Sul, em concluir as obras, também foi apontada como um risco para a concessão. Parte dos participantes destacou que, sem o terminal portuário em Ilhéus, a ferrovia não cumprirá sua função de integração logística.
Além da incerteza sobre o porto, a construção da FIOL 3, que ligará Correntina (BA) a Mara Rosa (GO), foi outro ponto de preocupação. O investimento de R$ 12,3 bilhões para a implantação desse trecho foi considerado subestimado, e o prazo de quatro anos para a conclusão foi visto como excessivamente otimista.
O governo federal reconheceu os desafios do projeto, mas reforçou a intenção de buscar soluções. A ANTT ainda realizará outra audiência em Cuiabá (MT), na sexta-feira(14), para debater o tema. Enquanto isso, a viabilidade da FIOL e sua importância para o desenvolvimento econômico do sul da Bahia seguem como pauta prioritária.