“Ajuê Dão, Ajuê Dan Dão. Vamos puxar este mastro que é de São Sebastião”. Entoando esses versos, centenas de pessoas realizaram o tradicional cortejo da Puxada do Mastro no último domingo (8), em Olivença. O evento marca o calendário turístico de Ilhéus e teve início na Mata de Ipanema, com rituais indígenas, replantio de árvores e confraternização dos machadeiros, que junto aos nativos e visitantes levaram o tronco até a Praça Cláudio Magalhães, passando pelas praias do Sirihyba e Cai n’Água.
Realizada pela Prefeitura e pela Associação dos Machadeiros de Olivença (AMAO), a Puxada do Mastro une comunidade religiosa e indígena para celebrar o mártir e padroeiro da catedral diocesana. Geralmente, os festejos acontecem no segundo domingo do mês de janeiro ou juntamente com a Folia de Reis. O ritual de escolha das árvores, que serão transformadas em mastro e mastaréu, é feito na semana anterior ao evento.
A praça principal também foi palco para os agradecimentos e celebrações dos representantes indígenas, das associações e grupos envolvidos na organização dos festejos.
Devoção – A turista de Brasília, Edna Aleixo, participa da festa há mais de quatro anos. “O evento é maravilhoso. Renova a fé, além de ser um momento de agradecimento pela proteção dada. Eu peguei um pedacinho do mastro porque é importante carregá-lo aonde eu for”, contou.
“A Puxada do Mastro é um patrimônio regional. Participar desse evento nos leva ao sincretismo, que predomina na nossa região. Parabenizo em especial à Prefeitura de Ilhéus por esse importante evento que resgata a cultura e congrega pessoas”, salientou João Carlos Souza, morador de Itabuna.
A sacralidade é um elemento fortemente presente na festividade. Conforme o historiador e etnógrafo ilheense, Erlon Costa Tupinambá, após a derrubada da árvore em homenagem ao santo católico, são adotadas práticas como retirada das cascas do mastro para fazer chá, com a certeza de cura de enfermidades e atração de sorte, quando colocadas na carteira.
Segundo a tradição e crença, as cordas utilizadas para puxar o mastro servem de enfeites e de proteção para o corpo e a alma. Transcorrida a festividade, o mastro é substituído na praça, o tronco novo é retalhado e o antigo guardado junto com o mastaréu para ser queimado nos festejos juninos.
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